Modernismo e cinema
O fascínio da sétima arte e o fantasma da cinematografia nacional
DOI:
https://doi.org/10.22475/rebeca.v14n1.1165Palavras-chave:
Modernismo, Linguagem cinematográfica, Mário de Andrade, Cinema brasileiroResumo
O cinema, considerado como lição de modernidade pela geração da revista Klaxon (1922-1923), teve influência decisiva sobre as experimentações formais da literatura modernista e, nas mãos de Mário de Andrade, se tornou objeto de uma reflexão crítica e teórica pioneira no país. Entretanto, a história das relações entre o modernismo e o cinema brasileiro foi marcada por desencontros, tanto mais inexplicáveis se lembrarmos que, a despeito da precariedade da produção nacional, naquele período também estavam sendo realizadas as experiências inaugurais do nosso cinema moderno, notadamente os filmes de Humberto Mauro e Mário Peixoto. As razões desse paradoxo são discutidas neste artigo. Primeiramente, a reflexão se detém sobre os textos críticos publicados por Mário de Andrade e sua compreensão da sétima arte, oscilando entre a defesa do “cinema puro” e a atração pela narrativa tradicional do cinema norte-americano. Em seguida, o artigo considera especificamente a problemática do cinema nacional, procurando discutir o descompasso entre a literatura modernista e os filmes produzidos no país, que só na década de 1960, com o Cinema Novo, acompanhariam de fato e pela primeira vez o ideário vanguardista dos anos 1920.
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